A produção de proteína de origem animal vem continuamente crescendo em todo o mundo. Com ela crescem também as exigências do mercado por produtos que priorizem a máxima qualidade da carne, tendo nos cuidados com os processos pré-abate uma exigência bastante importante.
Todas as etapas que antecedem o processo industrial são fundamentais para quem busca alcançar a máxima qualidade da carne. Assim, aspectos como transporte, tempo de jejum e ambiente de espera nos frigoríficos precisam ser prioridade para manter a qualidade do produto final, assim como aumentar a rentabilidade da atividade.
Principais processos pré-abate que precisamos ficar de olho
Mesmo sendo uma necessidade cada vez mais recorrente, muitos envolvidos no processo de produção da carne ainda desconhecem que a qualidade deste produto é diretamente influenciada por etapas que antecedem o processo industrial, ou seja, aquelas caracterizadas pelos processos pré-abate.
Em todos esses processos pré-abate, Ana Doralina Menezes, Gerente Nacional do Programa Carne Angus Certificada da Associação Brasileira de Angus, cita as práticas de Bem-Estar Animal (BEA) como extremamente essenciais. Segundo ela, estes processos devem se iniciar com os cuidados ainda na fazenda, passando pelo transporte e, continuando na recepção na indústria antes do abate.
“As práticas de BEA devem se iniciar logo na rotina diária de manejo dos animais ainda na propriedade, passando pelo momento da apartação e carregamento dos animais para transporte”
Após a porteira, ela indica que as práticas de BEA devem se manter com a qualidade do transporte dos animais desde a propriedade até a indústria frigorífica. Esse transporte deve ser feito preferencialmente à noite, sempre aproveitando as horas mais frescas ou de menor temperatura. Também deve existir planejamento para situações de emergência e demais medidas que garantam o máximo bem-estar aos animais. A profissional explica que os cuidados quanto ao BEA devem continuar durante a recepção feita na indústria frigorífica. “Já no frigorífico, as etapas que os animais cumprem no pré-abate são descanso, jejum e dieta hídrica, com todos esses fatores influenciando diretamente na qualidade da carne”.
Processos pré-abate e sua relação com a qualidade do produto final
Muitos produtores e pecuaristas costumam perder bastante dinheiro por serem muito penalizados pelos frigoríficos em razão de problemas visualizados nas carcaças dos animais. Segundo Menezes, os cuidados durante os processos pré-abate influenciam diretamente na qualidade da carne, pois ajudam evitar o estresse dos animais. “Sabemos que o estresse tem uma influência bastante negativa sobre a qualidade do produto final, podendo influenciar características como pH, cor, sabor, maciez, além da durabilidade do produto”, diz.
Há ainda os casos de lesões e hematomas nas carcaças que certamente geram expressivas perdas relacionadas à qualidade do produto final, afetando o rendimento e o aproveitamento dos diferentes cortes, além do bolso do pecuarista.
Informação nunca é demais para melhorar os processos pré-abate
Como já citado, as simples atitudes e técnicas de manejo são facilmente implantadas na propriedade, durante o transporte e na recepção na indústria. Essas atitudes ajudam a garantir maior produtividade e qualidade nos processos pré-abate, tendo influência direta sobre a qualidade do produto final. Por isso, para Ana Doralina é preciso que o aperfeiçoamento das técnicas de manejo pré-abate seja constante, com a informação sendo o ponto chave de todo esse processo.
“Devemos levar a todos os envolvidos a melhor informação através de treinamentos que evidenciam a importância da correta utilização das práticas de BEA, além das perdas que podem ocorrem para todos os elos dessa imensa cadeia quando tais práticas não são atendidas”.
A profissional finaliza indicando que é preciso respeitar todas as recomendações exigidas para cada etapa relacionada aos processos pré-abate. “É preciso manter a qualidade do produto em todas as etapas, se iniciando no campo, e com continuidade na indústria até chegar ao consumidor”.