Mais brasileiros passaram a incluir suplementos ao lado do feijão, arroz e da proteína animal in natura como essenciais à alimentação do dia a dia após a pandemia
Depois da pandemia de covid-19, a busca por maneiras eficazes de fortalecer o sistema imunológico tem se tornado uma preocupação global. Nesse contexto, a Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) conduziu um levantamento bibliográfico para investigar a relevância da suplementação na melhoria da resposta imunológica.
Segundo o professor e doutor Durval Ribas, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), os estudos indicaram que a reposição de algumas vitaminas e minerais foi importante para tornar o sistema imunológico mais responsivo à covid-19.
“Estudos mostraram que elementos como a vitamina C, zinco, vitamina D, selênio e probióticos estavam entre os mais adequados para favorecer uma resposta imunológica mais eficiente", afirma o especialista.
Ribas participou junto a outros especialistas do setor do Q&A “Funcional e Suplementos: consumo no Brasil”, evento online da Fi South America (FiSA).
O Summit Future of Nutrition, congresso científico da Fi South America, reserva um dia para os ingredientes funcionais e nutracêuticos. O dia 8 de agosto será dedicado aos Health Ingredients. Garanta já seu ingresso no site oficial.
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Crescimento do mercado
Não por acaso, durante a pandemia, os suplementos mais procurados incluíram as citadas vitaminas C e D e o zinco, além do Ômega-3, segundo a Associação Brasileira da indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad).
Em 2020, entre as pessoas que já usavam esses suplementos, o consumo aumentou 48%. Entre os principais motivadores do aumento da ingestão de suplementos está a tentativa de aumento de imunidade, segundo a pesquisa.
A partir da intensificação dos estudos durante a pandemia, ficou evidente que nutrientes específicos desempenham um papel crucial na proteção do organismo contra infecções virais, o que foi prontamente entendido pelo consumidor, impulsionando o mercado de suplementos voltados à imunidade.
A segunda edição da Pesquisa de Mercado Abiad “Hábitos de Consumo de Suplementos Alimentares no Brasil”, realizada em parceria com a Toledo & Associados, o consumo de suplementos alimentares no Brasil aumentou 10% em comparação à primeira edição da pesquisa, em 2015. Os produtos passaram a estar presentes em 59% dos lares brasileiros, com no mínimo uma pessoa consumindo suplementos.
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Vitamina D e zinco
Ribas, da Abran, destaca que a vitamina D e o zinco, em particular, têm sido alvo de pesquisas promissoras que comprovam a importância desses elementos no fortalecimento da imunidade, o que impulsiona o consumo diante do aumento da preocupação das pessoas com a saúde no pós-pandemia.
Estudos realizados em Nova York revelaram uma relação direta entre níveis elevados de vitamina D e uma menor necessidade de cuidados intensivos. Da mesma forma, pacientes com níveis adequados de zinco no plasma sanguíneo apresentaram menor demanda por cuidados intensivos. Esses resultados indicam que a suplementação adequada pode ser uma aliada importante na prevenção e tratamento de doenças infecciosas.
Uma preocupação que ganha destaque, especialmente entre a população idosa, é a palatabilidade dos alimentos e sua relação com a ingestão de nutrientes essenciais. Ribas menciona um estudo realizado com idosos que analisou a relação entre o zinco e a capacidade de sentir o gosto dos alimentos.
"Como os idosos têm algumas dificuldades mastigatórias, a carne, que é rica em zinco, muitas vezes não é ingerida na quantidade necessária. Isso pode levar a um certo grau de deficiência energético-proteica devido ao baixo nível de zinco. A reposição desse mineral pode contribuir para uma dieta mais balanceada, com uma maior ingestão de proteínas oriundas da carne", explica o especialista.
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Suplemento como parte das refeições
Para Jefferson Silva, diretor nacional de Vendas da Athletica Nutrition, a importância dos suplementos tem ido além do suporte à alimentação rotineira. "É muito difícil, mesmo com o acompanhamento de nutricionistas ou nutrólogos, manter o nível de ingestão de nutrientes em um patamar interessante sem a adesão de suplementos”, diz o executivo, o que tem levado os consumidores a perceberem os suplementos como parte da alimentação do dia a dia.
O executivo da Athletica também enfatiza o papel da indústria na divulgação de informações sobre a suplementação e como as redes sociais e a tecnologia facilitam o acesso a esse conhecimento. "Cada vez mais, a indústria vem mostrando informações para o público amplo, que não tem conhecimento no dia a dia sobre a importância dos suplementos. A democratização das informações permite que todos tenham acesso às orientações sobre suplementação, embora recomendemos a consulta com médicos e nutricionistas”, diz.
A disseminação de informações sobre suplementação é uma estratégia importante para garantir que profissionais da saúde e o público em geral estejam bem informados sobre a relevância desses recursos para o fortalecimento da imunidade.
Silva destaca a importância de levar essas informações aos profissionais, uma vez que muitos nutricionistas saem da faculdade sem um módulo específico sobre suplementação. "A indústria busca levar essas informações para o público e profissionais, democratizando o conhecimento que antes circulava apenas em algumas universidades”, afirma.
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