A pandemia de proporções globais provocada pela Covid-19 ainda não foi superada, mas já é possível observar mudanças consideráveis no comportamento dos consumidores. As preocupações sobre o risco de transmissão do vírus aos animais e, consequentemente, aos humanos por meio de embutidos, carnes, leites e derivados fizeram disparar a procura por alimentos à base de vegetais – os chamados ‘plant based’.
Na América Latina, o Brasil lidera a lista de preferência pelos alimentos vegetais. De acordo com pesquisa realizada no ano passado pela Ingredion, em parceria com a Consultoria Opinaia, cerca de 90% dos brasileiros buscam uma alimentação mais saudável e nutritiva em vegetais. É o maior índice entre os países pesquisados, cuja lista também é formada por Peru (89%) e Argentina (78%). O estudo ainda revelou que nessa região o consumidor tem procurado exercitar hábitos saudáveis, com o consumo de mais água, frutas e verduras e a redução na quantidade de açúcar na dieta.
Mas o fenômeno não foi observado apenas no Brasil. A Europa tem seguido a mesma tendência desde o início da pandemia. Na Alemanha, as vendas de comida vegana cresceram quase 40% no primeiro trimestre de 2020, quando comparado ao mesmo período de 2019. O potencial do mercado acelerou o lançamento de produtos vegetais no país: agora, um em cada 10 novos itens que a indústria de alimentos coloca no mercado é vegano. O Reino Unido, por sua vez, tem acompanhado um aumento constante na popularidade de alimentos vegetarianos e veganos. A maior cadeia de supermercados da região, a Waitrose, registrou 80% de aumento nas vendas de produtos a base de vegetais, além de um salto nas buscas por produtos veganos em sua página na internet.
Nos Estados Unidos, as vendas de comida vegana cresceram 90% no pico da pandemia, quando boa parte da população correu aos supermercados para formar um estoque de alimentos por segurança. Ao mesmo tempo, a produção de itens de origem animal segue em queda. Em todo o mundo, a expectativa é que a produção de carne caia mais de 3% em razão da pandemia.
Os números revelam um comportamento disruptivo e que indicam uma busca por fontes mais seguras de proteína. Por outro lado, fatores sociais e trabalhistas também contribuem com a transformação. O Brasil teve mais de 100 frigoríficos contaminados, apenas na região Sul. Nos Estados Unidos, por sua vez, o número de funcionários de frigoríficos infectados ultrapassou a marca de 135 mil pessoas. Frigoríficos na Alemanha e Reino Unido também apresentam condições precárias de trabalho, reforçando os problemas da indústria da carne e contribuindo para a mudança dos consumidores.
A demanda dos consumidores por alimentos à base de vegetais continua avançando e o mercado está em crescimento. Muitas oportunidades e novidades devem continuar surgindo nos próximos anos.
Outras referências:
https://www.euroveg.eu/plant-based-food-how-big-is-the-market/